24 setembro 2006

os regressos

De vez em quando lembro-me em flash do perdidamente a preto. Que bonito o amor que se sente pelos pequenos seres. Talvez seja esse o amor mais infimo: é-o concerteza. No estado mais puro e sentido e crescer lado a lado com esse amor como catalisador. Está uma linda noite e neste sitio amarelo pela luz fixa lá fora, sinto o bom que é aqui retornar. Quase que uma vida dupla se consegue com os sitios em que ondeamos. A internet é um bicho enorme, tira-nos o tempo da verdade: nós sozinhos. É importante pensar neste sentar e contemplar, a memória. Ir no por de-trás de cada parte e encontrar o verdadeiro pensar sobre ela. Já não chega a história do por dentro e vislumbre de tudo quanto há cá dentro, muito para além de saber o que é cá dentro e ter consciência do que se sente em relação a isso, é preciso também chegar á origem dessa coisa - o por de-trás - para então conseguir Ver nos contornos e contribuir para um total. Quando tudo nos chega rápido e desordenado, estamos por instinto. E não é bloqueio: é a vontade. Assim vamos estando, de acordo com essa vontade e esse instinto no lugar do pensar. Talvez seja a forma mais simples para não usar os subterfúgios.
Vai ser uma bonita noite.

20 Setembro.

01 setembro 2006

Cansaço

"Estou cansado, é claro.
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto -
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente: eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa."
Álvaro de Campos

Santa gente que nos serve com as palavras. Qual "toma lá, vá". Talvez com um certo egoísmo, penso. Poupa-me o trabalho de o procurar dizer