30 julho 2008

Perspectiva

É bom escrever nestas horas mortas, sem palavras, tudo o que não é para aqui. Vivo numa montanha, por vezes imponente qual promontório, no fundo um vale coberto de girassóis e cheiro a verdadeira paz; outras, parece que a montanha vai ruir, ouço até o estrondo, enorme, sufocante, e o pânico de ver toda aquela altura desfazer-se em pós de nada. Não fora a real vida feita desses pós, e estaria triste. Não estou. Que se dane essas falsas verdades e os pesadelos da montanha a cair! Que se foda tudo quanto é falso e assente em falsos propósitos: a vida é bela! E nessa beleza, que tem várias moradas ("A minha casa tem muitas moradas!), vagueio: entre a exaltação dos extremos. Ora saio do ninho e só volto já manhã, com muita história para contar, muita cumplicidade, muita amizade feita no e de momento; ora abrigo-me do frio mundano nas quatro paredes que nem sempre são as minhas. Como agora, este último andar com uma vista de fazer chorar sem saber porquê, tais são as vertentes de natureza lá fora. O rio defronte, a ponte que quase parece passar aqui por cima, o Cristo lá longe onde em ilusão parece bastar um salto-bébé para estar do lado de lá. O rio afinal nada separa, hoje assemelha-se a uma união de margens. E deve ser assim tudo na vida.
Raios de dia entram pela varanda e lembram-me que tenho de ir dormir.
Saudade? Muita e tanta coisa para dizer.

1 Comments:

Blogger lampejo said...

Todos juntos num só planeta...
Beijinho!

3/8/08 21:14  

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